mpresa é uma importante incentivadora da tecnologia industrial no Brasil a fim de resolver problemas complexos da sociedade
A Embrapii – Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial tem se tornado referência para a indústria em soluções inovadoras sustentáveis, tanto pelo modelo ágil quanto pela oferta de unidades especializadas no desenvolvimento de produtos que reduzem o impacto ambiental. Entre os mais recentes estão a impressão de casas 3D, fios de algas marinhas para o setor têxtil, sistema de monitoramento de barragens e reciclagem de baterias de lítio.
O foco da empresa está em colaborar para que o Brasil cumpra os acordos internacionais de meio ambiente e devolva à indústria a capacidade de oferecer ao mercado itens inéditos. Análise recente desenvolvida por grupos internacionais como Wolrd Weather Attribution, Climate Central e do Centro Climático da Cruz Vermelha, publicada em 28 de maio deste ano, mostra que os brasileiros enfrentaram quase três meses a mais de dias quentes nos últimos 12 meses por causa da mudança climática. No Brasil, foram 83 dias de calor acima do normal. Isso significa quase três vezes a média global da pesquisa, que foi de 26 dias.
Desta forma, os projetos da Embrapii atendem com rapidez a demanda urgente da indústria (desde a liberação dos recursos até o desenvolvimento tecnológico da inovação) Conheça os projetos:
- Impressões de casa em 3D
Entre recursos públicos e privados, o Brasil precisaria investir R$1,97 trilhão em moradias até 2033 para acabar com o déficit habitacional. O dado foi apresentado em abril de 2024 pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) e corresponde a um aporte anual de R$197,5 bilhões. A estimativa leva em conta o investimento necessário para dar conta do déficit atual, de 6,26 milhões de moradias, somada à projeção de demanda por habitações nos próximos 10 anos, de 6,59 milhões.
Regionalmente, as habitações precárias (domicílios improvisados ou rústicos) são o principal componente responsável pelo déficit habitacional no Norte (42,8%) e Nordeste (39,9%), onde há maior relevância do déficit habitacional rural. No Sudeste, Sul e Centro-Oeste do país, o predomínio é do ônus excessivo com o aluguel urbano, de acordo com dados foram divulgados em 24 de abril de 2024 pela Fundação João Pinheiro (FJP), instituição responsável pelo cálculo do déficit habitacional do Brasil em parceria com a Secretaria Nacional de Habitação do Ministério das Cidades. Outro ponto relevante é a questão da localização inadequada, ensejando em risco para vida dos moradores, por exemplo enchentes, risco de desmoronamento e ondas de calor. Além do déficit de moradia, a indústria da construção civil utiliza muita energia e, principalmente, insumos poluentes.
A construção de casas 3D pode alterar completamente a forma como a construção civil funciona atualmente. Desde o uso de canteiros de obras, até mesmo como o consumo e desperdício de insumos, incluindo energia, além de acelerar o processo e reduzir custos. Com apoio da Embrapii e do Sebrae, a empresa Aironnet Systems, com sede em Fortaleza (CE), pode se tornar uma das pioneiras na área de impressão 3D para a construção civil no Brasil. O projeto inicial foi desenvolvido com apoio da Unidade Embrapii Polo de Inovação Fortaleza do Instituto Federal do Ceará (IFCE) e demandou pesquisas complexas para criação de um sistema automatizado de impressão de estruturas em concreto. A empresa iniciou agora tratativas para assinatura de um novo contrato com a Embrapii, para aperfeiçoamento do produto. A tecnologia, capaz de imprimir casas de concreto, existe em poucos lugares do mundo.
A expectativa é de que a máquina nacional de impressão para construção civil seja capaz de erguer sozinha as paredes de casas populares completas com planta incluindo sala, cozinha, banheiro e dois quartos. Estudos iniciais indicam que o tempo de trabalho seja de 20 a 30% menor do que o método convencional. “A gente vai ter uma construção mais limpa, com mais qualidade e com menos erros humanos. A tecnologia utiliza cálculos muito precisos, garantindo a segurança do morador. Além disso, a casa terá custo menor, o que confere ao projeto um importante viés social”, diz o empresário André Luiz Pinheiro Correa Lima ao detalhar as demais vantagens do projeto.
A ideia de desenvolvimento da impressora de imóveis surgiu a partir de uma conversa entre André Lima e pesquisadores da Unidade Embrapii IFCE. Por meio de um parceiro em comum, o empresário conheceu o pesquisador Glendo Guimarães e ambos começaram a discutir o projeto oficialmente iniciado em 2022. A contratação ocorreu dentro da parceria firmada entre a Embrapii e o Sebrae, que garante aos micro, pequenos e médio negócios menor aporte de recursos para a inovação. Pelo modelo tradicional, as empresas entram com cerca de 30% do investimento, mas o acordo firmado entre Embrapii e Sebrae reduz esse percentual, podendo chegar a apenas 10%.
A estrutura mecânica é construída em aço e dividida em módulos ou partes distintas para facilitar o transporte. Sendo estas eixos X, eixo Y, eixo Z, pórtico superior, trapézios inferiores e superiores, carro de movimento nos eixos Y e Z.
Por que Investir em Impressões 3D de Casas?
- Eficiência e Redução de Custos:
- Tempo de Construção Reduzido: Nossa tecnologia pode diminuir o tempo de construção em 20 a 30% comparado aos métodos tradicionais.
- Menos Erros Humanos: Utilizamos cálculos precisos, garantindo qualidade e segurança para os moradores.
- Sustentabilidade e Economia:
- Construção Mais Limpa: Menor consumo e desperdício de insumos, incluindo energia, resultando em um impacto ambiental reduzido.
- Viés Social: Casas com menor custo, tornando a moradia acessível para mais famílias.
- Tecnologia de Ponta:
- Automação e Precisão: Nossa máquina de impressão 3D constrói as paredes de casas populares completas, incluindo sala, cozinha, banheiro e dois quartos.
- Inovação Nacional: Estamos na vanguarda da impressão 3D para construção civil, um campo ainda emergente no Brasil.
2. Moda do futuro: fios têxteis feitos a partir de algas marinhas
Dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), de 2018, indicam que o Brasil é considerado a quinta maior indústria têxtil do mundo e o quarto maior produtor mundial de denim (tecido usado para fazer o jeans). Tanto potencial nesse setor resulta na geração de aproximadamente 160 mil toneladas de resíduos por ano no país.
Ao pensar nesta problemática, a startup Phycolabs juntamente com pesquisadores da Unidade Embrapii do Instituto SENAI de Inovação em Biossintéticos e Fibras do SENAI CETIQT desenvolveram fios a partir de algas marinhas vermelhas.
Os pesquisadores Adriano Alves Passos e Igor Lopes Soares do referido Instituto contam que os insumos podem ser encontrados em abundância no nordeste do Brasil e, explicam que a CEO da Phycolabs, Thamires Pontes, idealizadora do projeto, tinha o objetivo de produzir algo disruptivo e inovador para a moda mundial.
Crédito: Divulgação
“Já ganhamos alguns reconhecimentos e prêmios com esta iniciativa e tudo indica que é um produto diferenciado e ecológico”, contam Passos e Soares. A fibra não só reduz o impacto ambiental da produção têxtil, mas também captura de 5 a 20 vezes mais carbono da atmosfera.
Thamires Pontes afirma que contratou um projeto de treze meses com o apoio técnico e financeiro da Embrapii e Sebrae e está pronta para dar o próximo passo: levar os fios para a indústria. “Estou ansiosa para ver o tecido no mercado da moda”, conta a empresária.
A Phycolabs acredita que além de contribuir para práticas sustentáveis, o uso de algas marinhas colabora com a economia azul, nova onda que se refere ao desenvolvimento sustentável dos recursos naturais do oceano, favorece a criação de empregos e meios de subsistência ao mesmo tempo que ajuda na preservação dos ecossistemas marinhos.
Por que apostar nessa inovação?
Sustentabilidade incomparável: As algas vermelhas crescem rapidamente, são uma matéria-prima barata e não requerem terras agriculturáveis ou pesticidas. Elas sequestram carbono de maneira mais eficiente que florestas terrestres, ajudando a combater as mudanças climáticas.
Benefícios ambientais: Cultivar algas marinhas reduz a poluição das águas costeiras e melhora a saúde dos nossos oceanos. Imagine absorver até 6% dos gases do efeito estufa por dia com apenas 0,03% de algas no mar.
Alternativa ecológica: A fibra de algas pode substituir materiais derivados do petróleo como poliéster, nylon, acrílico e elastano, recursos não renováveis que prejudicam o meio ambiente.
Inovação na moda: Adotar uma abordagem ecológica na linha de produtos, atrai consumidores conscientes e alinhados com a sustentabilidade.
Impacto em grande escala: Se apenas 9% dos oceanos fossem utilizados para fazendas de algas, poderíamos neutralizar a quantidade de gases de efeito estufa que emitimos anualmente. Essa é a visão de Thamires Pontes, uma defensora apaixonada da Economia Azul, que busca dinamizar e tornar ecologicamente viável a indústria têxtil.
Ação e inovação: Ao integrar a fibra de algas vermelhas na produção de tecidos, a empresa não só contribuirá para a preservação do planeta, mas também se posicionará na vanguarda da inovação sustentável. Não perca a chance de fazer parte dessa transformação ecológica.
3. Monitoramento de barragens – segurança
Monitorar, operar e verificar com precisão são os objetivos do projeto Sentinela desenvolvido junto a Unidade Embrapii ISI Sensoriamento, localizada no Rio Grande do Sul. Trata-se de um sistema inteligente de monitoramento, operação e de verificação da estabilidade geral da estrutura de barragem e do reservatório e margens da hidrelétrica Dona Francisca, também no Rio Grande do Sul.
No importante processo de segurança de barragem um fator fundamental é a inspeção visual das estruturas, mas devido a grandiosidade da barragem e de seu entorno, tem inspeções que demandam atividades de risco às pessoas, como por exemplo, locais a 40 metros de altura. Com a inspeção feita via drone, como prevista no projeto, é possível evitar que colaboradores acessem estes locais de risco e possam controlar o equipamento aéreo de um lugar seguro. Desta forma, permitindo uma avaliação detalhada e histórica de toda inspeção.
O drone já possui as rotas predefinidas e gravadas no equipamento, possibilitando que as fotos sejam realizadas em todas as inspeções exatamente em mesmo local e ângulos das imagens anteriores, isto viabiliza uma sobreposição das imagens, que comparam por meio de um algoritmo específico sobre a evolução em cada ponto da estrutura mapeada. Também foi possível criar um algoritmo de IA onde o próprio software aponta possíveis falhas, algumas imperceptíveis no dia a dia, além de retirar o colaborador de áreas de risco, ao propiciar um maior detalhamento, o que visualmente no local não seria possível.
O projeto teve como financiadores a ANEEL e Embrapii por meio de programas de P&D incentivados. As empresas participantes foram DFESA, CEEE e Upsensor, as unidades de pesquisa foram UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Instituto SENAI de Inovação Santa Catarina.
O projeto foi financiado a quatro mãos com participação da ANEELe DFESA investindo 2 milhões de reais e Embrapii com R$1 milhão, totalizando R$3 milhões de reais.
Iniciativas deste tipo podem ajudar através de inspeções programadas a mitigar o risco em barragens, como por exemplo de casos ocorridos em Brumadinho e Mariana em Minas Gerais.
4. Aproveitamento das baterias de lítio – transformando resíduos em recursos
No futuro, acredita-se que os carros elétricos se tornarão populares e será um desafio manter as baterias destes veículos. Feitas de matérias-primas metálicas, terras raras e não renováveis, essas baterias exigem soluções inovadoras para evitar a extração excessiva de recursos e reduzir o impacto ambiental.
Uma das maiores empresas do país de ferro fundido e metalurgia, a TUPY, em conjunto com a Unidade Embrapii TECNOGREEN-USP, estão comprometidas em reciclar as baterias de lítio utilizadas em veículos elétricos. Esta iniciativa pioneira visa transformar a maneira como gerenciamos os resíduos eletrônicos, garantindo um futuro mais sustentável.
Este tipo de bateria também é usada em ferramentas e celulares. “Estamos prevendo um grande uso deste processo a partir do momento em que os veículos elétricos se tornarem mais populares no país”, conta Jorge Alberto Soares Tenório, Coordenador da Unidade EmbrapiiI Tecnogreen-USP.
A partir da popularização, haverá a necessidade de desenvolver um processo de reciclagem para evitar que as baterias sejam destinadas em aterros e isto, a Unidade Embrapii já está empenhada no desenvolvimento de soluções.
Por que Investir na Reciclagem de Baterias de Lítio?
- Sustentabilidade Ambiental:
- Redução de Impacto Ambiental: Evitamos que as baterias acabem em aterros, minimizando a contaminação do solo e da água.
- Preservação de Recursos Naturais: Diminuímos a necessidade de extrair novos materiais, preservando terras raras e metais não renováveis.
- Economia Circular:
- Reutilização de Materiais: Recuperamos e reaproveitamos componentes valiosos das baterias, fomentando uma economia circular.
- Eficiência Energética: Reduzimos o consumo de energia necessário para a produção de novas baterias a partir de matérias-primas virgens.
Sobre a Embrapii
A Embrapii é uma organização social que atua em cooperação com instituições de pesquisa, públicas ou privadas, para atender ao setor empresarial, com o objetivo de fomentar a inovação na indústria. Para isso, conecta pesquisa e empresas e divide riscos, ao aportar recursos não reembolsáveis em projetos que levem à introdução de novos produtos e processos no mercado. Para ter acesso ao modelo, a empresa deve apresentar seu desafio tecnológico à Unidade com a competência técnica que se enquadra às necessidades de seu projeto. A Embrapii possui contrato de gestão com o Governo Federal por meio dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Educação, da Saúde e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.