Parceria entre Zoo São Paulo e USP vai viabilizar Centro de Conservação no interior do estado para aves ameaçadas e ampliar a área de reprodução na capital
Licença de instalação no Campus Pirassununga foi emitida pelo Governo de SP; já obras no Zoológico começaram essa semana
O Zoo São Paulo e a USP estão unidos pela reprodução de espécies ameaçadas de aves. Uma parceria deve viabilizar investimentos para ações em prol de aves que correm risco de extinção como a águia-cinzenta, o mutum-de-Alagoas, a ararinha-azul, a arara-azul-de-lear e a arara-azul-grande, expandido a capacidade de atuação das instituições em programas de conservação ex situ, além de fomentar a pesquisa científica, formação de profissionais e educação para conservação.
No âmbito do acordo de cooperação, assinado com vigência de 10 anos, o Zoo inicia nesta semana obras nas instalações técnicas em suas instalações. Os trabalhos devem ocorrer por quatro meses com investimentos de cerca de R$1 milhão apenas nesta ação.
“O Zoo tem 66 anos e é pioneiro na manutenção e reprodução de espécies em risco de extinção. Fomos o primeiro zoológico no continente americano a ter sucesso reprodutivo da arara-azul-de-lear. “Os investimentos e parcerias como essa nos permitem expandir o campo de atuação, além do intercâmbio científico”, explica Fernanda Vaz Guida, bióloga chefe do setor de aves do Zoo e coordenadora do grupo de Plano de Manejo Populacional da águia-cinzenta, previsto no Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves do Cerrado, coordenado pelo ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
A Universidade de São Paulo, por sua vez, obteve autorização do Departamento de Fauna do Estado para iniciar a implantação de um novo centro de reprodução no Campus da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, em Pirassununga. Com a aprovação do projeto, iniciativa capitaneada na USP pelo Prof. Dr. Ricardo Garcia do Grupo de Estudos em Multiplicação de Aves e pelo diretor Prof. Dr. José Antonio Visintin, serão captados recursos para construção das instalações. O local deve contar com um banco de germoplasma (in vivo e in vitro) que abrigará amostras de materiais genéticos e células vivas das espécies alvo das pesquisas, passo fundamental para ampliar as chances de redução do risco de extinção das espécies, uma vez que prevê investimentos técnicos e científicos no desenvolvimento de tecnologias avançadas para a reprodução de aves brasileiras ameaçadas.
Sobre as aves
mutuns-de-alagoas (Mitu mitu)
Uma das espécies de aves mais ameaçadas do mundo e considerada extinta na natureza. Os mutuns-de-Alagoas são aves terrestres que se alimentam de frutos, folhas e brotos, além de pequenos invertebrados. Sua população foi reduzida drasticamente até ser extinta na sua área de distribuição natural, a região da Mata Atlântica localizada ao norte do rio São Francisco, no estado de Alagoas. Atualmente, o Zoo possui um casal da espécie sob seus cuidados.
ararinha-azul (Cyanopsitta spixi)
Em todo o globo, a população atual de ararinhas-azuis mantidas sob cuidados humanos conta com aproximadamente 330 indivíduos dos quais, 85 estão em instituições no Brasil e 27 se encontram no Zoo São Paulo. A ave é nativa e endêmica da região de Curuçá, na Bahia, cujo bioma é a Caatinga. A espécie inspirou o personagem “Blue” na animação Rio.
arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari)
A ave é endêmica da caatinga baiana. O Zoológico de São Paulo foi o primeiro a reproduzir a espécie no país e já encaminhou 04 indivíduos para o programa de soltura na região do Boqueirão da Onça, na Bahia, realizado pelo Grupo de Pesquisa e Conservação da arara-azul-de-lear.
Águia-cinzenta (Urubitinga coronata)
É segunda maior ave de rapina do Brasil, ameaçada de extinção que vive em áreas campestres da América do Sul. Esses animais têm hábitos solitários e só são encontrados em pares durante a fase de reprodução. O objetivo do programa é ter sucesso na reprodução sob cuidados humanos desta espécie, fato inédito no país.
Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus)
Maior espécie da família e pode ser avistada em países como Brasil, Paraguai e Bolívia. A maior parte da população fica no Pantanal, mas também pode ser avistada em algumas regiões da Amazônia brasileira. Os recentes incêndios no Pantanal trouxeram de volta maior preocupação relacionada a conservação desta espécie. O Zoo São Paulo tem longa trajetória de manutenção e reprodução da espécie.
Modernização do Zoo
O Zoológico de São Paulo está em mais um processo de modernização de suas estruturas sendo contempladas, a revitalização e ampliação de habitats, novas experiências para os visitantes, instalação de centros de pesquisa e conservação para espécies ameaçadas. Neste ano estão sendo investidos R$70 milhões em melhorias na infraestrutura, além de recursos destinados à pesquisa e conservação.