* Patricia Macedo é Diretora de Marketing da Kimberly-Clark
Fazer parte de uma empresa que coloca a inovação como um dos principais pilares de atuação torna o nosso mindset ainda mais aberto a identificar novas formas de inovar, e principalmente, encontrar soluções para algumas das principais jornadas do nosso negócio.
Um exemplo que eu gostaria de compartilhar hoje, é que faço parte de uma frente muito especial dentro da Kimberly-Clark, o K-C Conecta, um projeto que desenvolvemos durante a pandemia com o objetivo de acelerar frentes importantes da companhia, por meio da parceria com startups ou iniciativas de empreendedorismo.
Desde então venho liderando o desafio de “Economia Circular para Embalagens” do K-Conecta, que busca soluções inovadoras e mais sustentáveis nos nossos processos de descarte de embalagem. Sem dúvida, um tema que impactará todas as marcas do nosso portifólio. Na prática, estamos mapeando alternativas que nos ajudem a reduzir o impacto do uso do plástico no meio ambiente, fazendo com que o descarte seja feito por meio de uma cadeia circular de materiais – uma das parcerias que temos atualmente é com a Boomera, empresa que atua com uma metodologia proprietária, o CircularPack® metodologia, que transforma o lixo em uma linha de produtos com causa, através de tecnologia, design e cooperativas de catadores, inserindo as empresas na Economia Circular – esse é o nosso foco, tornar esse resíduo uma importante fonte de reutilização em escala suficiente evitando a produção de mais plástico virgem dentro da nossa operação.
Atualmente o mundo enfrenta um grande desafio relacionado ao alto volume de resíduo plástico gerado diariamente. Este resíduo muitas vezes é tratado em uma cadeia linear, onde após o descarte de uma embalagem não se pode garantir o destino adequado. Segundo estudo encomendado pelo Plano de Incentivo à Cadeia do Plástico (PICPlast), o índice de reciclagem mecânica no Brasil estava em 22,1%, comparável a 24,2% nos Estados Unidos e a 75,1% na União Europeia. Os dados têm como base o ano de 2018 e mostram que houve crescimento de 37% na reciclagem de plástico pós-consumo, para 758 mil toneladas, com relação ao estudo anterior, realizado em 2016, e que indicava que haviam sido reciclados 550 mil toneladas de resíduos plásticos.
Como uma empresa que tem o consumidor no centro de sua estratégia, o pensamento vai além de apenas oferecer um produto ou serviço, mas também contribuir diretamente com a mudança de comportamento do consumidor em toda sua jornada! E mais do que isso, é torná-lo parte de um protagonismo responsável. A Kimberly-Clark tem buscado formas de se comunicar com os nossos consumidores para orientá-los no descarte correto das embalagens para que possa ser feito o reaproveitamento de forma consciente, além de conectar estes materiais descartados com os produtores de resina e nossos fornecedores, aumentando a utilização deste resíduo feito de embalagem reciclada em nossos produtos.
Para vocês terem uma ideia, esse tema ainda é tímido dentro da indústria a ponto de não termos tantas pesquisas que abordem o assunto com profundidade. Um dos levantamentos mais recentes feito pela Confederação Nacional das Indústrias, em 2019, aponta que 76,5% das indústrias desenvolvem alguma iniciativa de economia circular, embora a maior parte das empresas não saiba que as ações se enquadram nesse conceito. Entre as principais práticas elencadas no estudo estão a otimização de processos (56,5%), o uso de insumos circulares (37,1%) e a recuperação de recursos (24,1%).
Esses dados deixam claro que a economia circular precisa ser pensada de forma mais consciente, ampla e planejada. Além do mais, é preciso que os esforços mobilizem toda cadeia, impactando todos os canais de contato, desde os nossos consumidores, os fabricantes de insumos, a indústria, o relacionamento com os canais de venda, entre outros pontos de contato.
Segundo um estudo publicado em setembro deste ano pela Fundação Ellen MacArthur, uma das maiores autoridades no assunto, a adoção de uma abordagem de economia circular em apenas cinco setores (aço, alumínio, cimento, plástico e alimentos) resultaria em uma redução de 9.3 bilhões de toneladas de CO2e nas emissões anuais de GEE em 2050. Isso equivale a eliminar todas as emissões relacionadas a meios de transporte globalmente. Desta forma, a economia circular pode desempenhar um papel importante no gerenciamento de riscos climáticos.
Abordar economia circular é encarar essa discussão com a premissa de como cada indústria pode encontrar alternativas para reduzir o impacto ambiental e tornar a cadeia de produção mais sustentável e esse ciclo mais responsável! Cabe a nós nos questionar: estamos prontos para mudar essa realidade?