Levantamento lançado pelo Terra FC mostra que as principais ameaças são queimadas, enchentes e inundações; prejuízo relacionado a eventos climáticos extremos passou
de R$ 100 milhões no ano
Dos 20 times que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro em 2024, 17 estão sob alto risco de ter suas atividades impactadas por um evento climático severo, como inundações, incêndios florestais e calor extremo, nos próximos 10 anos. Os dados são de levantamento inédito realizado pela consultoria ERM (Environmental Resources Management) e encomendado pelo Terra Futebol Clube – coalizão global de clubes, torcedores, grupos comunitários e sociedade civil, conhecida internacionalmente como Earth FC, que chega agora ao Brasil com o intuito de conscientizar sobre as mudanças climáticas por meio da paixão nacional: o futebol.
O relatório mostra, por exemplo, que todos os clubes da Série A estão sediados em cidades com risco de queimadas. Em 55% delas a classificação é de alto risco, podendo impactar 11 clubes (Atlético Goianiense, Atlético Mineiro, Bahia, Corinthians, Cruzeiro, Cuiabá, Fortaleza, Palmeiras, Red Bull Bragantino, São Paulo e Vitória). Nas demais, o risco é considerado médio.
“As mudanças climáticas são hoje o maior adversário do futebol brasileiro. Por isso, estamos reunindo a comunidade do futebol no Brasil e no mundo para mobilizar milhões de torcedores e mais de 50 clubes, entre o G20 e a COP30. É hora de nos unirmos contra nosso inimigo comum e focarmos, juntos, o que mais importa”, diz Eric Levine, diretor do Terra FC. A iniciativa, convocada pela Onda Solidária e a Count Us In, acredita no papel decisivo do esporte para a construção de apoio popular às ações contra a mudança climática.
O levantamento também avaliou as ameaças de inundação de rios, inundação urbana e inundação costeira. Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Cuiabá estão em alto risco, sendo que a situação mais alarmante é a dos cariocas, com o alto risco nos três fatores
mencionados.
Juntos, esses municípios sediam jogos de 45% dos times da Série A: Bahia, Botafogo, Cuiabá, Flamengo, Fluminense, Grêmio, Internacional, Vasco e Vitória. Por fim, 30% das equipes estão em cidades de médio risco: Corinthians, Criciúma, Fortaleza, Palmeiras, RedBull Bragantino e São Paulo.
“Neste ano, testemunhamos o impacto profundo das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a população do Estado e, ainda, sobre a comunidade esportiva do país. O novo levantamento nos alerta para a possibilidade de que esses eventos ocorram com maior frequência no futuro próximo”, diz Marcos Botelho, diretor do Terra FC.
As enchentes forçaram o adiamento da sétima e da oitava rodada da Série A do Brasileiro, remanejando a tabela restante da competição (32 rodadas, com 10 jogos em casa), afetando todos os times.
Sem poder atuar em Porto Alegre, Grêmio e Internacional ainda se viram obrigados a mandar seus jogos em outras cidades. Dos municípios com times na elite, Curitiba, Criciúma (SC) e Caxias do Sul (RS) – justamente as três que não possuem alto risco de enfrentar um evento climático – foram as escolhidas. Cariacica (ES), Florianópolis e Chapecó (SC) também receberam partidas oficiais dos times no torneio.
“É preciso ter em mente que todas as equipes jogam dentro e fora de casa. Logo, os riscos projetados pelo estudo podem afetar clubes mesmo que eles estejam sediados em cidades com baixo risco”, completa Botelho.
O levantamento da ERM traz ainda um panorama dos impactos do clima sobre o futebol brasileiro neste ano. Mostra, por exemplo, que em 2024, os clubes de elite tiveram um prejuízo superior aos R$ 100 milhões devido a ocorrência de eventos climáticos extremos.
O relatório ressalta ainda que questões relacionadas ao clima, como temperatura e qualidade do ar, têm interferência direta na saúde pública, impactando igualmente atletas e torcedores.
“Há poucas publicações no mundo sobre esses perigos e um número ainda menor relacionando impactos econômicos com riscos climáticos. A falta de informações e estudos é uma chamada à ação”, afirma Fred Seifert, sócio da ERM.
Iniciativa convoca torcedores a entrar no jogo
Lançado oficialmente durante a programação do encontro do G20 no Rio de Janeiro, neste mês de novembro, o Terra FC visa engajar milhões de torcedores de futebol no combate às mudanças climáticas. A partir do pontapé inicial no Rio, a iniciativa já começa a mobilizar
clubes e fãs em países apaixonados pelo futebol – usando o poder do esporte para virar o jogo até a COP-30, em Belém, em 2025.
A campanha é inspirada no Green Football Weekend, do Reino Unido – que reúne dezenas de milhares de fãs, 115 clubes e mais de 100 jogadores todos os anos. Para alcançar esses objetivos, o Terra FC incentiva os fãs a exigirem mais ações para salvar seu jogo do coração, além de trabalhar com os torcedores e suas comunidades para que reduzam seu próprio impacto ambiental.
No Brasil, os quatro maiores clubes do Rio – Fluminense, Flamengo, Botafogo e Vasco – já se uniram para apoiar o Terra FC. Por meio de ações em espaços públicos e nas partidas de clássicos cariocas, a campanha já atingiu centenas de milhares de torcedores no país,
além de mobilizar quase 100 escolas e ONGs.
Sobre o Terra FC
Terra FC é uma campanha para mobilizar milhões de torcedores de futebol no Brasil e ao redor do mundo na preparação para a COP30, utilizando o poder do futebol para proteger o que amamos.
A campanha reúne torcedores, jogadores, clubes, governos e toda a comunidade futebolística para se juntar ao Terra FC, mostrando seu apoio às ações contra as mudanças climáticas e a destruição da natureza. Isso também demonstra o impacto que a comunidade futebolística pode causar ao tomar ações climáticas positivas – assim, marcando um Gol pela Terra como parte de uma competição entre os torcedores dos quatro maiores clubes de futebol do Rio de Janeiro.
O Terra FC é conduzido por uma coalizão entre Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco, grupos comunitários, sociedade civil e organizações de jovens no Brasil e globalmente, convocados pela Onda Solidária e Count Us In.